sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

De molho



Impressionante como, depois de algum tempo (não exatamente por responsabilidade dele), a gente passa a lidar com mais serenidade com o que antes era motivo suficiente pra colocar lenha no fogo coletivo.

Nada a ver com essa serenidade desdenhosa que mira o conflito do cômodo lugar daqueles que nada temem, nem mesmo a infinidade de papeis representados, de personagens desempenhados... Que seriam de variados e de diversos tipos se fossem, de verdade, contabilizados.

Mas, mesmo optando, tantas e tantas vezes, por colocar banana verde embrulhada em jornal, debaixo do tanque, pra amadurecer mais rápido, a gente acaba percebendo que, tal e como a natureza, o homem também tem o seu momento. A sua hora de estrela. Ainda que seja no exato instante em que risca, momentaneamente, o céu de uma fugidia luz.

Tempo de queda que bem pode significar uma centelha de motivação pra quem a vê desaparecer...

Muitos são os que persistem em olhar pro alto, toda bendita noite, buscando capturar esse momento. Muitos também são os que desistem; outros, doidamente alucinados por estrelas, acabam acreditando que o solo em que apoiam os pés é composto apenas de ouro em pó.

Mas há uma outra espécie de gente que, mesmo amiga íntima de ciclones, molham seus cabelos, vez ou outra, em chuva de prata. E, com a pele úmida de afeto e coragem, pisca levemente os olhos, olha pro alto e vê que no céu há mais, muito mais, que possibilidade de estrelas cadentes.