Cena do filme peruano "La teta asustada"
A
gente sabe!
A
gente SEMPRE sabe!!!
A
gente sabe a hora de parar, de acreditar, de se jogar, de desistir, de assumir,
de sumir, de enfrentar, se enfrentar... de aceitar certos milagres.
De
entregar os pontos ou usá-los na costura de outras histórias.
Mas
a gente não bota fé.
Protela,
cozinha em banho-maria, duvida, vacila, teme, treme, mas a gente não escuta.
Não
escuta aquela mensagenzinha (intuição, acreditam alguns) invisível, imaterial,
efêmera que é, todos sabemos bem, imperceptível(?)… Um quê de poesiazinha,
grávida de sentidos avassaladoramente necessários, debulhados tantas e tantas
vezes em plegarias sem-fim, em novenas, promessas, rezas e/ou rios de lágrimas
vertidos em travesseiros nem sempre quentinhos ou em Kleenex (versões bolso ou caixa,
o que tiver à mão). Ah… Ou, ainda, entre uma dose e outra de
Claudionor (para os mais sortudos).
Texto
sensorial que vem sabe lá de onde (da pele? das vísceras? das mitocôndrias? de
Nárnia?) que vai imprimindo, à revelia de nossa estúpida racionalidade, em cada
gesto nosso, uma nova e irrevogável ordem de ser o si próprio.
E
ainda assim, a gente, cara de pau demais, sai por aí dizendo que “não é nada
não”, mesmo com uma granada a ponto de explodir dentro do peito.