sexta-feira, 20 de junho de 2014

Bolsa nunca foi acessório

imagem de espetáculo da Companhia de Pina Bausch


A bolsa está para a mulher (algumas delas ou todas, vacilo) assim como a muleta está para o vovozinho. Necessidade estrutural. Ponto de fuga entre os obstáculos vários que vão nos interceptando e esfarelando a pretensa solidez de nossos propósitos, intenções e quereres. E que vai recortando nossos discursos, vazando nosso caminho em imprevisíveis atalhos existenciais que mal nos dão chance do necessário tempo do respiro que abre uma fenda invisível diante da qual temos a chance de fazer escolhas. Agir.

Minha bolsa, em inúmeras ocasiões, abre para mim uma espécie de portal dentro do qual me escondo, despisto, protelo, adio. Sou.

É com ela que tenho a oportunidade de criar, me (re)criar.

Inútil reduzi-la a batons, espelhos e tolices.

Sem ela sou lançada cruamente, e a contragosto, em circunstâncias e me vejo obrigada a assumir a fictícia posição dos que sabem sempre o que dizer e fazer.

Não!

Bolsa nunca foi acessório.