Denis Núñez Rodríguez, pintor cubano
O dar também faz parte
do processo libertador de aprender a ser. Porque quem sempre teve pouco, acaba
acreditando que o universo inteiro é apenas a sua aldeia. E não tem nada de mal
nisso, já disse Pessoa, naqueles versos mais que conhecidos.
Mas a aura dessa
metáfora perde sentido quando a vida prática vai pedindo logo seu Lattes.
Assim, na lata.
_ E agora, Josés e
Marias?
Defendo aldeias e
defendo universos. E acredito fielmente que estes estejam naquelas, mas também
em muitos outros lugares. Inclusive nos que ainda nem foram descobertos e muito
menos nomeados. E que esses lugares, em algum momento, por alguém ou alguéns precisam
ser revelados e apresentados para que nossas aldeias interiores se expandam
para além de si próprias.
Eu não conheço isso,
mas sou capaz de estabelecer com o desconhecido uma conversa íntima desde
tempos imemoriáveis. Seriam os ecos do que fui, do que sou ou de quem eu,
absurdamente, posso me transformar?
Mas eu nem tenho medo
de tudo isso porque temor maior sinto em não submeter corpo, alma e pele às
experiências que poderão, um dia, talvez, assim de surpresa, me fazer
reconhecer em mim mesma algo que nunca supus perceber. Muito menos admitir.