segunda-feira, 15 de abril de 2013

Punheta


Diego Rivera, muralista mexicano

Se todo homem desvestisse a couraça limitadora do machismo e visse a mulher como uma parceira e não como uma ameaça, seria possível crer em uniões duradouras, porque felizes seriam.

A gente compreende, inclusive, os medos que impulsionam atitudes tirânicas e pouco afeitas ao reconhecimento da perspicácia do outro. Mas nem sequer discorrer sobre eles é possível quando instaurado está o desejo de subjugar para mascarar precariedades. No entanto, mesmo silenciada, sua voz grita, a feminina, sua presença se impõe como um doloroso incômodo que emudece as alegrias que surgiriam se não fosse essa estúpida pretensão de se crer dono de tudo: da verdade, do conhecimento, da razão que mina a energia que costuma impulsionar as ganas de amar, a vontade de cuidar, o gosto em acolher.

Punheta é bom, mas não afaga o peito cansado da lida do dia a dia.

Punheta relaxa, mas não dispensa o abraço doce que se insinua tímido depois de uma jornada de trabalho.

Punheta alivia, mas não alimenta sozinha uma existência ávida de gozos múltiplos e diversos.

O único tesão que salva é aquele em que o sexo em riste aponta para o sexo do outro para a consumação do encontro e não o que aponta para o seu próprio ego.