quarta-feira, 2 de maio de 2012

Boneca russa


Anita Malfatti, pintora brasileira

Ser desdobrável em vários. Ser multiplicável e, ainda assim, continuar defendendo singularidades. Que prometem O novo, O belo, O verdadeiro... E, nessa matemática, filha obediente dos Tempos modernos, eventualmente, roçar a face fugidia do que chamam de plenitude. Completude feita, também, do que não é. Bonecas russas.

Como implodir essa porção minha que não suporto? Se seu sorriso de Monalisa rameira continuará lá, dando o tom de todas as outras? Mesmo das que nem germinaram?

Como destituir o lugar de uma dessas facetas (a que delata minha porção mais mesquinha) sem corromper as demais? Seria o resultado desse esforço mais ou menos cômodo do que daquele que provém desse outro serializado? Facilmente reproduzível, que acumula, com perícia, aplausos e suspiros?

Pois, hoje, uma delas tomou conta do pedaço. E resolveu dizer que essa putaria tem que acabar ou se assumir de uma vez por todas.

Não sou bonitinha! Não sou uma bonequinha!!! Muito mesmo protagonista de mim.

Hoje irei pro porão e lá pretendo ficar por um bom tempo.