sábado, 21 de março de 2015

Embaraço


Cena do filme peruano "La teta asustada"

A gente sabe!

A gente SEMPRE sabe!!!

A gente sabe a hora de parar, de acreditar, de se jogar, de desistir, de assumir, de sumir, de enfrentar, se enfrentar... de aceitar certos milagres.

De entregar os pontos ou usá-los na costura de outras histórias.

Mas a gente não bota fé.

Protela, cozinha em banho-maria, duvida, vacila, teme, treme, mas a gente não escuta.

Não escuta aquela mensagenzinha (intuição, acreditam alguns) invisível, imaterial, efêmera que é, todos sabemos bem, imperceptível(?)… Um quê de poesiazinha, grávida de sentidos avassaladoramente necessários, debulhados tantas e tantas vezes em plegarias sem-fim, em novenas, promessas, rezas e/ou rios de lágrimas vertidos em travesseiros nem sempre quentinhos ou em Kleenex (versões bolso ou caixa, o que tiver à mão). Ah… Ou, ainda, entre uma dose e outra de Claudionor (para os mais sortudos).

Texto sensorial que vem sabe lá de onde (da pele? das vísceras? das mitocôndrias? de Nárnia?) que vai imprimindo, à revelia de nossa estúpida racionalidade, em cada gesto nosso, uma nova e irrevogável ordem de ser o si próprio.


E ainda assim, a gente, cara de pau demais, sai por aí dizendo que “não é nada não”, mesmo com uma granada a ponto de explodir dentro do peito. 

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