domingo, 17 de março de 2013

Luxo


Juliana Leal, fotógrafa brasileira amadora

Não dá trabalho amar, não. Dá trabalho é curar a ferida do desamor. Feita da espera inútil, do abraço vazio, do encontro nunca marcado, mas permanentemente esperado. Ferida que lateja pra lembrar que está ali, ainda que não se queira, ainda que se tente, conscientemente, esquecê-la. Afinal, certeza é um luxo do qual a gente não precisa. Nem para o alívio da dor. Pois serventia sempre há para o incômodo. Nem que seja só pra fazer lembrar que a felicidade também decorre dos riscos que assumimos. E que, junto com eles, também está no script um par de dissabores ou de fel no canto da boca.

Não é a toa que o adeus contido já está no encontro; a saudade, no reencontro e o fim tão logo se profere sins.

Que fazer senão reverenciar todas as formas de vida, inclusive aquelas que surgem em nuvens fugidias num céu azul de fim de tarde paraense?

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