quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Ao pé da letra

Alexey Bednij, fotógrafo russo

Não se tratava de um jogo. Era vida marcada em brasa por uma infinidade de sonhos perdidos, desvios de trajetos, encruzilhadas de planos cujas decisões clamavam por nãos insólitos em meio à fugacidade de certos prazeres que duravam menos tempo que o cheiro de sexo que cansou de impregnar mãos e bocas.

Contra isso pouco podia fazer. O certo seria terem lhe advertido antes de se lançar nessa busca insana e anacrônica pelo bom moço que lhe salvaria da solidão, da tristeza, da opressão por duas tranças ou por um pé de sapato.

O conto agora era outro. A mocinha, super descolada, sabe exatamente o preço, quase sempre alto demais, pra que um galegozinho de barbicha rala lhe alce uma espada e ela, fingindo uma fragilidade que nunca teve, se sinta, durante alguns parcos minutos a mulherzinha amada para sempre das histórias novelescas ou de encantamento cultivadas pelo imaginário de sua geração. E das posteriores, infelizmente.

Balela.

Diante de um mercado inflacionado em todos os sentidos, pretender atitudes coerentes por parte de semideuses, porque, claro, muito são o tesão encarnado em muques, pelos e sêmen, é, sem dúvida, uma tremenda estupidez. Quase como entrar na cabine daquele programa do Silvio Santos e trocar uma Hillux por uma banana caturra.

Mas se mais vale um gosto... Vai minha filha! Vai!

Vai se fuder! Ao pé da letra.


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