Se...
Se fica a tristeza ou a lembrança do tão esperado ou do tão imprevisível encontro...
Se fica o cansaço da folia, a dor de cabeça que lateja de 5 em 5, o corpo exausto pela entrega ao ritmo, ao sabor, à saliva, à cevada...
Se fica o adeus de um amor fugaz ou de outro que pretendia fixar-se...
Se fica o cheiro à urina, a lixo acumulado nas ladeiras, nos cantos, nos rincões: rastros do descaso, do consumo, do esbanjamento de corpos que comem, se exibem, se comprimem e se deprimem...
Se fica o desejo correspondido, o frustrado, o recalcado, o resignificado em dezenas e dezenas de copos de plástico que ora funcionam como um subterfúgio para a solidão, ora como um mero recipiente de líquidos (não importa a natureza, desde que sejam boas muletas pra escorar a dor ou a vontade)...
Se fica a nostalgia do ritmo sexual, do cardíaco, do etílico...
Fica...
Fica também o alívio de saber que terei parte de minha vida de volta. Móveis, livros, utensílios, roupas, objetos: signos que compuseram uma história necessária e árdua que estruturará outra (tão distinta, meu Deus!!!) que, em breve, começará.
Fica a certeza de que depois deste carnaval virá algo novo. Um algo diferente desta certeza mesquinha que transformou a festa carnavalesca deste ano em um mero rito de passagem.
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