terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Fora do ar

Francis Bacon, pintor anglo-irlandês

Não! Eu não preciso de férias! Eu preciso é sair do ar. Assim, literalmente.
Apagar-me temporariamente e retomar a vida como se nadinha tivesse acontecido.
Não ter que me alimentar, evacuar, urinar, dormir... Nada disso!
Preciso que o orgânico que há em mim me dê um time. Me esqueça, por um tempo. Gostaria que a tristeza, a decepção, a descrença, a mágoa não precisassem do esforço da minha racionalidade quadrúpede para ignorá-las e transformá-las em flor.
Tipo o caso de uma TV que minha mãe tinha. Nem me lembro da marca. Ela não funcionava. Nem a pau. Às vezes, emitia um ou outro som, mas imagem, que era bom, nada! E pra que serve uma TV sem imagem e só com chiados? Pra nada; né?
Pois a pobre foi levada ao conserto e lá ficou por longos 3 meses. Depois de um tempo, não mais tão necessária, já que substituída por outra nova, minha mãe resolveu ligar pra saber da coitada.
O moço da eletrônica disse:
— Nossa! Nem tive tempo ainda de olhá-la. Mas amanhã mesmo farei isso.

No outro dia ele liga e, sem conseguir dar maiores explicações, declara:
    Eu a levarei amanhã de volta pra senhora.
— Mas, afinal, o que ela tinha?????
— Não tenho a menor idéia! Apertei o botão do power e ela funcionou.

Acho que essa televisão sabe o segredo de como conseguir o que ando desejando. Ah, se ela pudesse me dizer!!!!

Um comentário:

  1. Adoooro os seus textos! Mesmo quando acho que entendi algo diferente do que vc queria falar, eu amo!

    ResponderExcluir