domingo, 19 de fevereiro de 2012

Gozo interrompido



É difícil expressar o que se sente ao ver uma joaninha. Sim! Daquelas vermelhinhas com bolinhas pretas. Inevitável querer se aproximar e deixá-la percorrer nossa pele, entre pontes de braços e dedos infinitos. Vê-la avançar e avançar, sem destino, apenas sob a luz de um sorriso pueril que não quer largar o brinquedo enquanto ele não estraga ou enquanto não vem alguém para nos dizer: basta!                       
O problema é quando a espera do dedo supera a inércia inicial do pequeno inseto. Sempre tão rápido, tão disposto a repetir e repetir os mesmos centímetros epidérmicos, capturando ohs dos que nunca experenciaram uma fragilidade rubro-móvel tão de perto. Infinitamente vulnerável, mas poderosamente doce. Vida no pulso, que sucumbiria tão somente com a pressão mortífera de um polegar.
Não! Nem campo aberto para o assassinato poético, tampouco para um doce remember, viagem ao quintal da infância, entre formigas, minhocas e outras joaninhas. Muitas. Tantas. Poesia cotidiana. Sem ais, nem ohs.
Como agir diante de uma joaninha já morta?
Aceito sugestões.

Um comentário:

  1. Simplesmente naõ acredito no que estou lendo. Meu Deus! Hugo Leonardo.

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