quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Amor a vácuo


Yves Klein, artista francês

Assepsia é invariavelmente o primeiro que se pensa.

E a coisa vai por aí mesmo.

Quanto menos exposição, contato (que vem da presença, do toque, da palavra, da promessa...), menos chance de contaminar-se. Estragar-se.

Garantia plastificada de se crer dono de si, controlando suspiros e ais para que não doam e o jorro do gozo para que não gere frutos.

Mas foi num troço de noite, contexto que tinha tudo pra fazer jus à lógica do amor a vácuo, que escutou, assim TUDOJUNTO, que era linda, macia, cheirosa, gostosa, especial, jovem. E em três idiomas pra que não houvesse dúvidas.

No outro dia, sem a presença de seu interlocutor, mas carregando dentro de si os ecos do que ouvira, desejou, como se disso dependesse continuar vivendo, soltar os cabelos e assumir o calor da alteridade como ingrediente básico para enfeitar todos os santos dias de sua existência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário