Zé Rocha, fotógrafo brasileiro
Não tenho nada pra
pedir não. Acho que tenho é pra fazer mesmo. Pra variar.
Mas, antes, devo
agradecer. Por cada soco nos sonhos que tinha. Eles não dariam conta de
germinar ao lado de tanto vômito. Perto de tanta unha arranhando quadro de
escola.
Não combinava.
Sonho, desejo, afeto
gostam de abrigo quente e macio. Cabelos soltos em balanço de parque, num fim
de tarde de um domingo qualquer, sabe? Regaço sólido da casa da mãe, lugar onde
o fogão sempre está pronto pra alimentar o ventre faminto do filho que
regressa.
Mas ainda bem que peixe
que tem consciência de isca, não morre pela boca.
Mas e de isca que atrai
coração bolha de sabão? Dá pra escapar?
Ano doido, comprido,
intenso. Janeiro e fevereiro poderiam ter sido, sozinhos, pra mim, os 365 dias
do ano todo. Ano que todo mundo acreditou que se findaria no vigésimo primeiro
dia do mês de dezembro.
Mas mire e veja: o
mundo acaba é todo dia.
Infinidades de
tragediazinhas que fariam a festa de serviços do tipo tele-afeto. Desses que a
gente ligaria e pediria um X-cafuné com carinho e delicadeza que, lógico,
chegaria em, no máximo, 8 minutos.
Mas não! Afeto dos bons
não flui no sistema delivery. O
melhor demanda tempo. Exige crença firme naquilo que não se vê.
Repare: não acreditar
no improvável torna as coisas ainda mais inacessíveis.
Por isso, esse Natal
vai ser diferente porque a responsa dos presentes vai ficar por minha conta
mesmo. Tenho muito que celebrar a vida dessa multidão de seres que contabilizo
em apenas uma de minhas mãos. Eles merecem meu lado melhor. O lado mais bonito
de mim. Lado que eu mesma desconheço, mas sei que existe. Sei que existe.
Eu sou suspeito pra falar... Essa é a segunda crônica que leio. Gostoso de ler e me faz lembrar várias partes da minha vida...
ResponderExcluirbeijos
Eu já vivo seus muitos lados melhores!
ResponderExcluirMas... ainda tem mais??
Se já vale a pena agora, imagina...
Eu espero! Eu espero! Euesperoooooooo!!!!!