quarta-feira, 20 de junho de 2012

Vacilo

Frida Kahlo, artista mexicana

Dor ambígua.

Dor pela entrega impensada.


Mas se racionaliza entregas?

Dor pelo amor que queria crescer e foi amputado pela ingratidão. Pelo desrespeito.

Então para quê o ser-foice que afiafacaemparalelepípedo fica perto de algo tão delicado, tão pólen, tão coração? Para assassiná-lo?

E no ritmo desse gotejar insano, encontrar razões (diárias, meu Deus!) pra continuar existindo. Em sociedade, claro! Porque se o mundo fosse habitado somente por plantas, ursos de pelúcia e animais, tava tudo certo. Melhor, muito provavelmente.

Dói a sensação de vazio, lugar onde havia braços estendidos, entrega generosa, vontade de comunhão diária. Dessa que quer cafuné, afago, afeto como religião.

Dói. Mas dizem que passa.

Mas quando? Se essa dor não é coisa. Se é percepção-sensitiva que lateja em leves prestações. Parceladas, para alguns, em 30, 60 e 90; para outros, no entanto, em lentos, mas nem tão suaves, anos. A fio.

Abra as janelas! Deixe o ar circular...

Feito! E agora?

Talvez por isso mesmo não adianta muito se mudar, viajar, cortar o cabelo, trocar o carro... Só dá pra fazer frente a “isso” (se nomeio, me amaldiçoo?) com injeções continuadas de amizade, família e outros seres vivos dispostos a amar incondicionalmente. Isto é, que se disponham a correr o risco de serem, inclusive, as próximas vítimas.


Mas em termos de amor, de dor, de amar, de se dar e querer... e doer...há vítimas?

Vacilo.


“Esquecer é melhor que lembrar?”


2 comentários:

  1. De mãos amarradas. Rendo-me, gota a gota, aos vazios dessa mulher completa de incêndios. Sem pressa pra fugir... ou nem pensar em fugir!

    ResponderExcluir
  2. Bom passar por aqui, degustar suas palavras, matar um pouco da saudade! Beijos.

    ResponderExcluir