sexta-feira, 29 de junho de 2012

Mulheres mineiras, ainda há esperança!



Foram inevitáveis as gargalhadas. Mesmo rindo de mim mesma. Admito.
A autora tem razão. Tá osso beijar na boca em BH! Namorar, então, nem se fala!!
No endereço http://armuke.blogspot.com/2009/06/homens-belo-horizontinos-aprenda-lidar.html, encontramos um texto cuja autora, Laura Corrêa, expõe, com irreverência, os motivos pelos quais os homens em BH correm, segundo ela, literalmente, das mulheres. Sejam essas mulheres feias, bonitas, magras ou gordas...
É de passar mal de rir.
Mas tentemos analisar a questão, antes que haja uma emigração em massa da velha capital mineira para qualquer outra urbe brasileira.
Fazer isso não resolverá nosso drama. Acreditem em mim!
Nostálgica, a autora diz que a mulherada atual anda aceitando qualquer coisa que aparece e que, por isso, os homens andam mal-acostumados. Que, no tempo dos avós dela, eles eram mais românticos, educados, cavalheiros... E que, hoje, são as mulheres quem pagam o motel, racham a conta de cinco reais (kkkkkkk!), levam o cara em casa, etc., etc., etc....
! Concordo com tudo! Mas o que fazer diante de tão absurda situação?
Não é pra pôr a culpa em ninguém. Mas, se, histórica e culturalmente, o homem sempre foi colocado em um lugar de superioridade, em relação à mulher, era de se esperar uma revanche pós-anos setenta, por parte deles; não? Mesmo que inconsciente.
Queimamos os soutiens e, agora, eles queimam nosso filme.
Pensemos...
Eles podem até achar o máximo que a gente os leve em casa, rache a conta, pague o motel. Toda comodidade é bem-vinda. Quem não gosta disso? Não é mesmo?!
Mas, em se tratando de relações afetivas, acho que o caminho não é bem por aí.
Foucault teorizou — e muito bem — sobre questões relativas ao poder e não precisamos ir longe pra perceber que é preciso que ele se desloque, se é que vocês me entendem...
O poder não é uma coisa e, portanto, não está localizado em um lugar fixo. Nas mãos dos homens, por exemplo. Nem das mulheres. Ele só tem sentido se funcionar, dinamicamente, por meio de um fluxo que se desloca continuamente. Uma via de mão dupla, em outros termos.
Trocando em miúdos: nenhum homem gosta de mulher “dona de si” o tempo todo.
Ser poderosa é ser capaz de negociar, o tempo todo, ironicamente, a posse desse poder. Ora o detenho, ora não... Me acompanham?
Eu sei que consigo abrir e fechar o portão da garagem pra ele colocar o carro. Mas pra que fazer isso, se o universo conspira, clama, pede, grita pra você dizer: “— Benhê!... Tô tão fraquinha...”. Rsss....
A vizinhança achará seu parceiro um gentleman, se fizer isso. E ele, que de bobo não tem nada, agarrará essa oportunidade de ter seu turno de poder em mãos e, com todas as suas forças, mesmo que esguio, empurrará o maldito portão como se nisso estivesse apostando todas as suas fichas para provar sua virilidade, educação, carinho, cavalheirismo...
Fazer isso não é nada fácil, meninas! Eu sei!Porque para muitas de nós, significaria um retrocesso, em termos históricos. Uma regressão aos tempos da mulher submissa, dependente. Sexo frágil. A completa idiota.
Mas, idiota mesmo — minhas caras — é aguentar toda essa lista de humilhações que Laura enumera muito bem e que foram criadas — admitamos! — por nós mesmas. Cabe a nós, então, extirpá-las e urgentemente.

Somos independentes, poderosas, livres pra ter ou não filhos, pra casar ou não, pra ser Amélia ou não, pra transar antes do casamento ou não, pra... Se é assim, a ascensão social, econômica e cultural da mulher, definitivamente, não deveria significar a substituição inapelável de papéis ou a troca definitiva de lugar social. Mulher que, além de mulher, poderá ser, em tempo integral, marido, pai, amante, homem, encanador, motorista, carregador de embrulhos, etc., etc., etc.... ninguém agüenta!!! Muito menos a homaiada.
Já termino.
Saídas? Existem?
Sim, meninas! Em textos publicados nos anos cinquenta, sessenta e setenta. Acreditem!
Deixem de preguiça e arregacem as manguinhas. Leiam, urgentemente, o livro Correio feminino, de Clarice Lispector. Está reunida, nessa obra, uma significativa quantidade de textos que a escritora publicou, no diário Correio da Manhã, ao longo de sua vida. A maioria deles dirigido ao público feminino daquele contexto; vale frisar.
Adianto: você se surpreenderá com a quantidade de coisas erradas que tem feito. Você entenderá, facilmente, as razões desse nosso pequeno drama existencial contemporâneo. E verá que lutar contra certas coisas dá menos resultado que manejá-las em benefício próprio.
Aí, verá que ter poder pressupõe, como premissa básica, não nos importarmos de oferecê-lo de bandeja para os homens. De vez em quando; é claro! Pra não engessar a tal dinâmica.


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