terça-feira, 31 de julho de 2012

Gangrena

Pablo Picasso, pintor espanhol

A gente sabe que é preciso amor pra poder pulsar, mas sabido também é que uma andorinha sozinha não faz verão.

Um dos grandes males que assola a humanidade talvez seja se crer acompanhado quando na verdade se está é completamente só. Ou se achar irremediavelmente sozinho quando há, ao contrário, um mundo de possibilidade nos espreitando. Vinte e quatro horas por dia, incluindo o tempo dos sonhos nonsenses e dos supostos pesadelos. Chamando nossa atenção com letras maiúsculas em neon verde limão.

Mas como nada é perfeito, e para dar um leve toque de drama novelesco, quando acreditamos estar numa posição, na verdade, estamos é na outra. Perdendo tempo, energia...

Tratando ferida com ácido sulfúrico.

Mas que bom quando se percebe o estorvo ou a dádiva antes da gangrena. Porque, do contrário, não há remédio que dê jeito: ou amputa-se o troço morto que se liga à vida ou emputece-se para todo o sempre.

Um comentário:

  1. Uau! Grand finale!

    Sugiro colocar "uau!" no lugar de "belo", nas reações. Só para seguir o esquema... Sem falar que tem coisas que são curiosas e interessantes além de belas, como no caso desse texto. Bem forte, numa versão poética diria meio Augusto dos Anjos.

    Bjs!

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